"Que espécie de Deus é o vosso que condena antes de ouvir? Que gente sois, senhores, que Reino é este em que tive a TRISTE SORTE de nascer?
Sr. Marechal: quanto vale, para vós, a vida dum homem?"

Felizmente há luar! - Luís de Sttau Monteiro

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Vontade de respirar


Um comprimido, dois inaladores e um spray nasal todos os dias.
Aos 13anos um asmático pode perfeitamente estar a viver assim. Há quem esteja bem pior, é verdade, mas isso não melhora a situação deste jovem adolescente.

Para além de viver com uma mesa de cabeceira onde não cabe mais nada a não ser o despertador, os medicamentos e com sorte um livro, vive com o receio de uma crise espontânea. Apesar da parafernália de fármacos, essas crises acontecem, apertam o peito, travam todas as tentativas de respiração, forçam cada passo a ser dado a tremer e impedem qualquer tentativa de concentração em algo para lá do próximo fôlego.
Como se estas memórias amargas não chegassem, muitos nãa chegam a poder chamar-lhes memórias, pois continuam a sentir-las e a sofrer com a doença pela vida fora. Os que apenas têm memórias são os sortudos.

Seja como for, todos eles (nós) são (somos) obrigados a ver diariamente quem menospreze a possibilidade de respirar fundo sem pensar duas vezes.
Podia falar de poluição, de qualidade do ar, etc...mas não, falo de um dos actos mais repugnantes e revoltantes que posso ver.

O acto de acender um cigarro.

Quem o faz não se imagina a querer respirar e não conseguir, a lutar por cada lufada de ar, a controlar as corridas que fazia enquanto brincava no recreio...entre tantas outras coisas.
A cada "bafo" que um fumador inala, não está apenas a prejudicar a sua saúde ou o ar de todos nós, está também a desrespeitar e menosprezar o acto de respirar.
O seu acto de respirar.
O acto de respirar daqueles que lutam por cada "bafo", não de cigarro, de AR.

Triste Sorte...

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